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Direto de Kobe »

 
24 Abr, 2008

O dia em que vi o imperador de pertinho

Ewerthon Tobace

Hoje foi realizada a abertura oficial das comemorações do Ano do Intercâmbio Brasil-Japão aqui no arquipélago.

Eu jurava que não ia conseguir entrar na cerimônia porque a Casa Imperial estava fazendo uma série de exigências. Afinal, o casal imperial mais o príncipe-herdeiro estariam por lá.

Enrolei para me aprontar hoje de manhã. Pus um terno. Não gostei. Coloquei outro. Então lembrei que era quase certo que não conseguiria entrar na festa. Desisti de me produzir.

Fui tranquilamente para o local, cerca de uma hora de casa (de trem). O Hotel Okura é o must hoje na capital japonesa. Chique e imponente. Entrei e me senti confiante. Ia conseguir entrar sim. Afinal, nunca tinha visto a família imperial de perto e hoje seria uma grande chance após sete anos morando aqui no Japão.

Fui à recepção e, para minha surpresa, meu nome estava na lista. Eba!! Eu ia entrar. Passei pela segurança, detector de metais, revista da bolsa e... pronto! Estava dentro do salão.

Os melhores lugares para fotógrafos já estava tomado. Afinal, eu fui um dos últimos a chegar. Mas consegui me posicionar num lugar razoável. Longe. Sorte que eu tinha levado uma lente mais potente. Fiquei ali horas de pé, mas nem me importei. Afinal, estava presenciando algo do qual eu também faço parte.

No discurso do imperador, entre um clique e outro não conseguia deixar de pensar nos meus avós e meus pais. Eles sofreram muito, assim como muitos imigrantes. Minha mãe conta que vários conhecidos morreram de malária e outras doenças adquiridas no meio do mato.

Todos sabem que sou emotivo. Choro fácil. Quando crianças japonesas e brasileiras apresentaram jogral falando de integração e cantaram Aquarela, de Toquinho, não aguentei. As lágrimas rolaram fácil do meu rosto.

Fim da cerimônia e eu já estava pensando que tudo tinha acabado. Fomos então para o coquetel, onde haveria o brinde oficial. Fiz umas fotinhos, mas estava ruim o local. Apinhado de gente, quase não dava para trabalhar. Desisti. Sai para pegar umas palavrinhas de alguns convidados ilustres e, eis que de repente, dou de cara com o casal imperial saindo.

Aquela frescura toda, cheio de seguranças e estávamos proibidos de tirar fotos ou filmar. Mas quando eles passaram e acenaram com a cabeça para mim, ali bem pertinho, senti-me um verdadeiro plebeu num dia de glória. As palavras do imperador ecoaram mais uma vez pela minha cabeça e, pela primeira vez desde que pisei no Japão, comecei a entender melhor minha identidade, meus vínculos com o país e meus anseios por respostas até agora não encontradas.

PS: para completar meu dia, conversei com o Mauricio de Sousa e ganhei um chaveiro e um pin com os mascotes oficiais das comemorações do Centenário no Brasil. Eba!

Postado por Ewerthon Tobace | 7 comentários

Comentários

  1. Julio Nakazaki @ 24 Abr, 2008 : 23:00
    Que sorte a sua poder estar nesta festa de abertura do Centenario. Ao ler o seu depoimento senti emocionado pois meus pais nasceram aqui e eles sempre falaram da familia imperial com muito respeito e admiração. Espero poder um dia ve-los de perto.... Imagino a sua emoção quando as crianças cantaram Aquarela, pois eu so de assitir pela tv ja fiquei emocionado. Abraços e nos encontramos em Kobe.

  2. Mari @ 25 Abr, 2008 : 16:36
    Parabéns pela excelente narrativa. Fiquei emocionada. Acho que essa sua experiência foi única e creio que dai surgiram realmente muitas indagações a respeito dessa relação ´Japão & Brasil com todos envolvidos neste emaranhado de acontecimentos ao longo dos quase 100 anos passados. Se eu fosse vc, aproveitaria este momento e começaria a escrever seu livro já!

  3. ricardo y @ 25 Abr, 2008 : 22:10
    É, a movimentação toda tem algo de magia. Para alguns, é como ver de pertinho os Roling Stones (com o perdão da analogia). Eu também tive a sorte de vê-los à um braço de distância em uma cerimônia realizada em 2002 (acho) em Hamamatsu, no Act City. A Imperatriz Michiko usava um chapéu amarelinho decorado com ipês. Lembro que eles perguntaram para um brasileiro "Há quanto tempo você mora no Japão". Infelizmente, o rapaz emocionado não entendeu a pergunta, mas... Impressionante sentir os modos gentis e tranquilos deles no meio daquela tensão dos seguranças e das formalidades. Também me senti um mero plebeu diate de um benevolete todo-poderoso. Para recordar a vida toda. abs aí!

  4. Paulo (Plurality) @ 26 Abr, 2008 : 07:50
    A minha ficha sobre a identidade começou a cair quando reparei minha admiração pelo casal imperial, e porque não, pelo protocolo. Garanto que se eu estivesse presente, teria chorado também.

  5. Sidney Gusman @ 28 Abr, 2008 : 13:24
    Ewerthon, trabalho com o Mauricio e estou com enormes dificuldades de conseguir uma foto dele próximo ao Imperador, no momento que o quadro com as mascotes foram apresentadas. Você teria alguma? Se sim, por favor, pode me enviar? Meu e-mail: imprensa@turmadamonica.com.br

  6. Claudia Yoscimoto @ 1 Mai, 2008 : 13:45
    Olá Ewerthon! Que bacana que você esteve lá! Você conheceu um médico brasileiro chamado Jô, de Valença (RJ)? Ele era um dos convidados e é meu parente distante. Tentei falar com ele, quando soube que ele estava aqui para participar desse evento, mas não consegui contato. Legal você ter visto o imperador de perto. Sem dúvida, fato raro para quem está por aqui. Parabéns!!

  7. Marcos @ 4 Mai, 2008 : 14:35
    Momento único que deve ser guardado e contado de geração em geração e que o futuro te reserve, não igual mais, semelhantes momentos como este! Realmente inesquecível, parabéns. e-mail: inovacaopipas@oi.com.br

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Perfil

Ewerthon Tobace, jornalista, 31 anos. Um dia, meu avô resolveu enfrentar o desconhecido. Chegou ao Brasil de mala e cuia, sem falar a língua. Agora, faço o caminho inverso e, a cada dia, descubro os fascínios da ‘terra do sol nascente’. Moro no Japão desde 2001 e trabalho na mídia étnica com foco na comunidade brasileira.
 



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