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Shizue ficou assustada com o Brasil

No Japão, meus pais tinham uma gráfica, e quando eu estava no terceiro ano do shogaku (ensino fundamental), viemos para o Brasil. Eu tinha 10 anos. Saímos em agosto, no navio Rio de Janeiro, do porto de Kobe, e chegamos em outubro. Era muito bom, participávamos de undokai (gincana japonesa), passávamos o dia brincando.

Fiquei assustada em Santos, porque as pessoas tinham feições diferentes. Além disso, no Japão morávamos na principal avenida da cidade, e o Brasil ainda era muito interiorano. Fomos para a Mogiana e depois nos estabelecemos em Bastos (SP). Foi um período bom, freqüentava a escola japonesa e de noite ia para a escola brasileira. Isso em 1935. Trabalhávamos na lavoura de café. Era difícil, porque não estávamos acostumados.

Eu tinha dois irmãos mais velhos, que ficaram trabalhando no hospital de Bastos. Nossa família morava na periferia da cidade, em Glória. Eu era estudante de costura e passei a pegar trabalhos nessa área. Gostava muito de costura, por isso escolhi essa profissão.

Freqüentava a associação de jovens e era tesoureira de lá. Também participava do grupo de estudos de japonês e, uma vez por mês, íamos para um encontro na sede da associação.