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Janela Dekassegui

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27 Nov, 2007

Qual o seu objetivo?

Dantada

Legenda: Monte Fuji: símbolo do Japão. Subir até o topo era um dos meus objetivos quando cheguei ao país. Já alcancei essa meta. Agora, quero fazer isso de novo ano que vem

 

O assunto: Meta. A maioria dos que vieram ao Japão já perdeu o foco

 

Os primeiros brasileiros chegaram no Japão no final dos anos 80. Traziam na mala, além de roupas e mantimentos, vontade de ser um vencedor. Não se importavam com o tipo de trabalho e nem com as longas jornadas diárias. Do suor, brotava o dinheiro. Era época de vacas gordas e, com pouca concorrência e muita demanda, os primeiros dekasseguis conseguiam encher a mala de dinheiro. O objetivo da maioria era ficar dois ou três anos e voltar ao Brasil para abrir um negócio.

Passados quase 20 anos (oficialmente, o movimento teve início em junho de 1990, com a mudança na legislação de imigração japonesa, que concedeu aos descendentes de japoneses visto temporário de longa estadia, o que permite a atividade econômica no país), o cenário não mudou muito. Só o salário ficou menor, por culpa da alta concorrência e da crise pela qual passou a indústria japonesa no final dos anos 90 e começo dos anos 2000.

As últimas pesquisas sobre o comportamento da comunidade ainda mostram que o desejo da maioria é voltar logo ao Brasil, e se possível com um bom pé de meia. O motivo para vir ao Japão também não mudou muito. “A motivação está ligada principalmente a questões econômicas, o que explica também a maior proporção de homens que viajam sozinhos e os reiterados retornos no caso de insucesso no Brasil, principalmente para o pessoal de mais baixa escolaridade”, aponta o estudo feito pelos pesquisadores Kaizô Iwakami Beltrão e Sonoe Sugahara.

Mas o que tenho percebido é que, apesar de ter na cabeça que o retorno ao Brasil é certo, a maioria dos brasileiros já perdeu de vista o objetivo inicial. Não faz planos e vai empurrando com a barriga a permanência no arquipélago. Já conversei com muitos conterrâneos que sequer fazem poupança e também não estabelecem uma moradia fixa.

Acho triste essa situação, já que essas pessoas acabam vivendo como numa república de estudantes. Tudo é improvisado. Os móveis são velhos, doados por amigos, pego em lixões ou comprado em loja de usados. Creio que é uma forma dos trabalhadores reafirmarem a vontade de ir embora. Não compram nada novo para não ter de se desfazer depois. Percebo que aqueles que estão mais certos da longa permanência por aqui fazem o possível para ter mais conforto em casa.

Isso implica em uma série de consequências, como por exemplo a não inserção na sociedade local -- principalmente porque a maioria acha desnecessário aprender o idioma local --, e portanto a permanência na base da pirâmide social. Sem contar que a qualidade de vida é drasticamente afetada.

E assim, passam-se dias, meses, anos. Nada muda. É triste, mas muitos brasileiros que vieram com um idéia na cabeça, largaram-na em algum canto da casa. Não têm mais metas.

E você? Sabe o que vai fazer e onde estará no próximo ano? Não está na hora de traçar planos na sua vida?

 

 

O que pretedem os brasileiros que estão no Japão:

Intenções                         Homens (%)              Mulheres(%)

Regressar e abrir negócio próprio                                           63    43,8

Regressar e contribuir com negócios da família                  8,3     9,6

Regressar e viver de rendas/trabalho                                      10,3     15,1

Não voltar ao Japão, mesmo que não dê certo no Brasil    3,8    5,4

Voltar ao Japão se não der certo no Brasil                              13,4     4,2

Voltar ao Brasil, mas tem receio (criminalidade, desemprego)  8,7     7,6

Fonte: Associação Brasileira de Dekasseguis (ABD)

 

Postado por Ewerthon Tobace | 18 comentários

Comentários

  1. Mário @ 27 Nov, 2007 : 16:46
    Caro Ewerthon. Interessantíssimo, este assunto abordado no teu post..., mas ao mesmo tempo complicado e polêmico demais da conta, como estou totalmente fora da realidade vivida pelos conterrâneos que fizeram o caminho inverso de seus antepassados, portanto isento de opinar, além do que, acredito haverá inúmeros comentários, inclusive, muito mais interessantes, diante do conhecimento de causa e das experiências vivenciadas por estes bravos imigrantes nestas duas décadas de idas e vindas , prevejo que este assunto será uns dos mais comentados e discutidos, neste teu blog. Abraços Amazônicos PVH-RO

  2. Karina Almeida @ 28 Nov, 2007 : 01:05
    voce ta caprichando nos temas. arrasou! e a carapuca (quase) me serviu. cheguei aqui nao em busca de dinheiro. eu buscava uma vida nova num pais de primeiro mundo. gostei tanto, que a ideia de ficar so um ano, no maximo dois, foi por agua abaixo. mas nao me arrependo! nao dei conta de fazer tudo que eu queria em dois anos e acho que nao faz mal, no meu caso, ficar mais. tenho mais dois anos pela frente (no total serao seis) e todas as minhas metas estao tracadas. tracadissimas, alias. mas confesso que existe o medo: serah que vou conseguir? da medo, mas eu to tentando. e como eu sempre brinco com os amigos, a vida de pobre no japao eh boa demais. isso eh um motivo a mais para prolongar a temporada aqui (^_^)v

  3. JAQUE @ 28 Nov, 2007 : 01:18
    SOU CASADA COM JAPONES E SOU BRASILEIRA SEM DESCENDENCIA VIEMOS EM 2000 PRA CA ,MINHA META ERA FICAR 2 ANOS,JUNTAR UMA GRANA PRA COMPRAR UM APE E IR EMBORA,MAIS GOSTEI TANTO DESSA TERRA QUE MEUS PLANOS MUDARAM, TENHO UMA FILHA QUE ESTUDA EM ESCOLA JAPONESA NUNCA FOI DESCRIMINADA SOU LOIRA E ALTA E SOU TRATADA PELOS JAPONESES NAO SEI BEM NIHONGO MAIS AS MAES DAS COLEGAS DA MINHA FILHA TEM A MAIOR PACIENCIA PRA ME ENTENDER, NAO TENHO PLANOS PRA IR EMBORA TO SEGUINDO A VIDA AQUI E AMOOOOOO O JAPAO .

  4. Paulo @ 28 Nov, 2007 : 01:46
    No meu sétimo ano de Japão passei por isso. Ia levando a vida, empurrando com a barriga, que aliás, cresceu bastante nesse período. Hoje, a volta ao Brasil não é mais uma opção. Minha opinião é que, independentemente de Brasil ou Japão, uma decisão seja tomada. O ruim é exatamente o que você tão bem descreveu, ficar em cima do muro, sem construir o pé de meia para retornar, e tampouco se integrar (e progredir) na sociedade japonesa. O prejuízo que isso causa à auto-estima é grande demais para ser deixado em segundo plano. Super post, Ewerthon!

  5. Afi @ 28 Nov, 2007 : 15:17
    Achei o artigo pertinente. Pode aplicar-se a qualquer comunidade imigrante em qualquer lugar.

  6. makurazinha @ 28 Nov, 2007 : 22:10
    a verdadeira historia do imin 100 esta nesse site www.imigracaojaponesa.com.br

  7. 留学生 @ 29 Nov, 2007 : 04:12
    Eh. Metas sao importantes. Na minha opiniao, a ausencia de metas esta interligada a duvida de se matricular os filhos em uma escola japonesa ou brasileira, como foi relatado em outro post, acho que do Ewerthon mesmo, e com a ausencia entusiasmo em aprender o idioma, ja que demanda tempo estuda-lo e nao se sabe ate quando ficara por aqui para usa-lo. Eu penso que, mesmo se for permanecer em outro pais por curto periodo, eh importante mergulhar nesse novo pais e tirar o que puder ser tirado em termos de experiencia. Nao desprezar o aprendizado da lingua eh o primeiro passo. Os beneficios de se morar fora compreendendo a lingua local sao bem maiores.

  8. Maria Yokoya @ 29 Nov, 2007 : 12:26
    SER FELIZ!!! Sai do Brasil com este objetivo e com a intenção de morar no Japão. Para isto, precisaria aprender japonês e os costumes da região. Precisaria me adaptar e acho que estou conseguindo. Voltar para o Brasil? Quem sabe um dia! mas enquanto este dia não chega, vou lutando pela minha felicidade e da minha família.Com tantos problemas aparecendo a cada dia, parece difícil ser feliz. Minha luta é ir resolvendo cada problema que aparece e ter cada vez mais momentos de felicidade.

  9. envergonhado japa @ 29 Nov, 2007 : 15:23
    eu tenho vergonha de ser brasileiro.nem preciso dizer o por que.

  10. japones do BR @ 29 Nov, 2007 : 15:23
    eu queria ter nascido japones no Japão.

  11. 留学生 @ 30 Nov, 2007 : 01:19
    Para os que nao tem forca ou/nem vontade de mudar, so resta a vergonha ou o desejo de que as coisas fossem diferentes. Porem, digo-lhes uma coisa: brasileiro nao eh esse arquetipo que os japoneses nos transmitem, nao. Nao ha motivo de ter vergonha. Se houver alguem que, apesar dos possiveis meritos pessoais que tenhamos, insistir em nos enxergar de acordo com o arquetipo predefinido por si mesmo, o problema passa a ser dessa pessoa e nao nosso.

  12. anonimo @ 30 Nov, 2007 : 10:28
    vergonha de ser brasileiro?imagina somos pessoas felizes apesar de toda dificuldade do brasil temos o que os japas nao tem carisma podemos estar triste mais e so juntar a galera fazer um churrasquinho pronto e a tristeza vai embora e os japones o que fazem pra ser feliz mergulha no seu consumismo e depois vai pra casa ficar deprimido e quando a depressao e demais se suicida por qualquer problema pois conheco um japa que fez isso fora o que a gente ver no noticiario,bom minha meta e ficar um pouco aqui e ir embora pois tenho uma familia linda no brasil que nos divertimos muiiito seja fora ou em casa .

  13. Regina @ 1 Dez, 2007 : 01:53
    No próximo ano ainda vou estar aqui no Japão, só que com o nihongô bem melhor e com uma poupança bem melhor também.

  14. Gisele @ 1 Dez, 2007 : 08:34
    Engraçado que conversamos sobre isso ontem e só hoje eu li seus post. Estou no caminho para traçar as metas a curto e médio prazo. Uma nova Gisele vai surgir em 2008. AGUARDE!!! =)

  15. ricardo y. @ 4 Dez, 2007 : 08:49
    Concordo com nosso caro autor. Apesar de alguns de nós estar em círculos onde há pessoas vivendo do que gostam, são admiradas e têm seu talento/capacidade comprovados de alguma forma, há muitos brasileiros aqui que, tenho a impressão, estão em um estado de apatia, descrença ou preguiça. Por outro lado, pode-se dizer que, no mundo, grande parte das pessoas não têm ojetivos a alcançar. E uma coisa que tenho notado em alguns brasileiros que moram aqui, apedreja-me quem quiser, é uma sensação de inferioridade e/ou incapacidade. Aqui tem gente com vergonha de ser brasileiro. Gente que não quer que os filhos cresçam como brasileiros para não terem que ouvir tantos 'nãos' (ou 'dame desu ne'), sentir-se isolado ou sofrer humilhações, caso de muitos pais. Como foi dito no capítulo anterior, aqui discriminação não é crime. Olhando a paisagem mais à distância, vemos que desistir dos objetivos também não é exclusividade dos brasileiros que moram no Japão ou em outro país. Uma das maiores 'virtudes' do ser-humano é a sua capacidade de adaptação a qualquer situação. A pessoa que mora em São Paulo está adaptada a ver crianças vivendo nas ruas e a cantar 'tô ficando atoladinha, tô ficando atoladinha'; os refugiados de guerra se adaptam a ver gente morrendo todos os dias e muitos do lado de cá se adaptam à vida sem objetivos, mesmo que esta vida tenha começado à partir de um sólido objetivo. Alcançar os objetivos não é uma coisa para todos. Dá um bocado de trabalho e nem todo mundo tá afim. Acredito até mesmo que algumas pessoas conscientes tenham concluído serem realmente mais felizes acomodadas. Mas claro, eu gosto das pessoas e quero vê-las triunfantes. E quando elas alcançam as suas metas e sonhos, acho o máximo.

  16. CARLA @ 4 Dez, 2007 : 12:18
    CONCORDO COM VC RICARDO,QUANDO CHEGUEI AQUI EU TINHA TANTOS SONHOS OS ANOS FORAM PASSANDO ,AQUELES SONHOS COMO O TEMA FALA "OBJETIVO" SUMIU ,DESAPARECEU TO "DEIXANDO A VIDA ME LEVAR VIDA LEVA EU" COMO DIZ A MUSICA DO ZECA PAGODINHO ,POR QUE SERA HUMMMMMM.

  17. dan moroboshi @ 7 Dez, 2007 : 18:51
    incrivel!

  18. Claudia Yoscimoto @ 31 Dez, 2007 : 16:34
    Ôi Ewerthon! "Óia" eu aqui outra vez hehehe Muito interessante e pertinente mesmo este teu post. Confesso que meus objetivos principais não se perderam no meio do caminho. Só que alguns imprevistos, que eu já sabia serem perfeitamente passíveis de acontecer, acabaram por adiar os meus planos (acho que é por isso que não estipulo data para voltar rs). E o problema é esse. Porque é uma luta diária - e sei que não só para mim - manter o foco. De qualquer forma, tenho certeza que se voltar para lá, vou sentir falta daqui e, se ficar aqui, sentirei falta de lá, afinal, tenho nas veias sangue japonês e brasileiro, né. Mas uma hora sei que vou ter que optar...

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Perfil

Ewerthon Tobace, jornalista, 31 anos. Um dia, meu avô resolveu enfrentar o desconhecido. Chegou ao Brasil de mala e cuia, sem falar a língua. Agora, faço o caminho inverso e, a cada dia, descubro os fascínios da ‘terra do sol nascente’. Moro no Japão desde 2001 e trabalho na mídia étnica com foco na comunidade brasileira.
 



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