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  Conte sua históriaClaudio Riyudi Tanno › Minha história

Claudio Riyudi Tanno

Brasília / DF - Brasil
57 anos, consultor

Para meus pais, para minha filha


Devo tudo a meus pais, absolutamente tudo. O que sou, o que fiz, o que conquistei são realidades existentes pela educação que deles recebi, pelas oportunidades que me proporcionaram. E muito disso tem uma forte influência da cultura japonesa. Tenho uma filha de sete anos que se chama Gabriela, a minha grande razão de existir. Às vezes sinto que poderia fazer mais por ela, tento fazer o melhor que posso, fazer em parte o que meus pais fizeram por mim. Fui ao Japão em 2006, escrevi algumas notas para Gabriela, não as concluí. Transcrevo o trecho inicial, o que descreve um pouco o que quero expressar e as impressões que tive daquele país:
“Não pretendia fazer um relato por escrito de minha viagem ao Japão. Faço por pedido de sua batian, pois a idéia me pareceu interessante e resolvi escrever na forma de notas rápidas com algumas impressões que gostaria de passar a você, assim com já fiz em outras ocasiões, com uma escrita livre e despreocupada, sem me prender a forma ou estilo.
Com o tempo, a medida que ia inserindo novas impressões, o texto começou a ganhar densidade. Procurei equilibrar o excesso de informações, de modo que não se tornasse uma leitura cansativa. Passei a necessitar de revisão, atribuição que conferi a sua mãe, a quem devo os incentivos que puderam manter em andamento este pequeno projeto.
Desde cedo, você sempre soube das minhas afinidades com o Japão. Às vezes reclamava por minha estranha preferência pela programação da NHK. Sabendo disso, quando lhe dizia que gostaria de assistir TV, já colocava para mim no Canal 111. Acho que com o tempo, mesmo aos cinco anos de idade, foi incorporando alguma coisa. Estimulei isso ensinando alguma coisa de japonês, a cantar músicas do kiroro e a gostar da programação infantil da NHK. Lembra-se do waku-waku san e da turma do chokorantan? Surgiram algumas pequenas questões existenciais em sua cabeça de criança: se é japonesa ou brasileira. Afinal, em sua escola você é conhecida como japonesa. Isso pode parecer ruim, discriminatório, mas acho que poderá tirar coisas boas disso. A diversidade de culturas traz-nos novas informações, novas perspectivas daquilo podemos vivenciar. Aprendi com meus pais a admirar o Japão e a valorizar o poder do estudo, do trabalho e da honestidade, alguns dos princípios basilares daquele país. Tento fazer o mesmo com você, cada qual em suas épocas.
Uma viagem ao Japão é marcante. Já foram duas para mim num espaço de seis anos. As duas muito intensas. Mesmo que tenha passado por cidades que já conhecia, até mesmo nos mesmos lugares, as experiências são sempre distintas e fascinantes. A nossa visão de mundo vai evoluindo. O estudo do idioma, da cultura e da história do país adicionam novos componentes à nossa capacidade de discernimento e de compreensão. Lá aprendemos mais e nos sentimos estimulados a buscar mais, numa permanente realimentação, que gera esse incontrolável círculo virtuoso, a ponto de querer começar a planejar a próxima viagem ao Japão.
Foi agradável escrever essas notas. Pude ir recordando momentos agradáveis e marcantes em companhia de minhas irmãs, como que revivendo esses momentos. Ao mesmo tempo, com novas pesquisas, pude ir agregando novas informações e aprender mais sobre os locais por onde passamos, achando-os ainda mais interessantes.
Minha pretensão é de elaborar um texto e deixar algo que lhe acrescente algo futuramente, que sirva de alguma forma como uma referência a você de seu pai e do que pude vivenciar no Japão. Quero estimulá-la a sempre ampliar seus conhecimentos, a valorizar o poder da escrita, a forma de comunicação melhor elaborada e, por isso mesmo, mais valorosa e duradoura. E também a admirar esse país milenar, que apesar de inúmeras adversidades e alterações bruscas em seus momentos históricos, talvez em função disso, sempre manteve a sua essência como sociedade, na necessidade de mútua colaboração entre as pessoas. Quero que um dia você também possa conhecer o Japão e, assim, poder confirmar ou refutar minhas impressões, que, em princípio, podem parecer fantasiosas ou romantizadas.
Nesse momento de reflexões para o seu futuro, deixo uma frase de Tolstoi, que sua mãe me ensinou:
“Há quem passe pelo bosque e só veja lenha para a fogueira.” “


Enviada em: 27/02/2008 | Última modificação: 28/11/2008
 
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Comentários

  1. Elisa K. @ 10 Abr, 2008 : 06:07
    Prezado Claudio, não há frase mais adapta àquela de Tolstoi, para concluir sua história. E que a bela Gabriela possa absorver a essência desta frase e possa contribuir com uma humanidade um pouco melhor, para os nossos futuros. Abraços.

  2. claudio @ 3 Mai, 2008 : 11:34
    quau a origem o sgnificado de claudio e a deriva

  3. Rita de Cássia Arruda @ 4 Mai, 2008 : 10:50
    Prezado Cláudio: Seus depoimentos são fantásticos; riquíssimos em detalhes e cheios de emoção. Esse seu encontro com o passado – o resgate de suas origens – é muito significativo. Você está certíssimo ao dizer que as histórias dos imigrantes japoneses que aportaram no Brasil são bastante parecidas mas, ao mesmo tempo, repletas de singularidades. Cada qual com sua marca própria. Ahhhh... Eu também gosto do canal NHK, embora não entenda rigorosamente nada do que é dito ali. Gosto de ver as receitas que são preparadas e os programas onde são ensinados artesanatos. Tem um programa infantil muito interessante. Cada “kodomo” mais fofo que o outro. Crianças lindas; tão comportadinhas... Dá vontade de morder. Obrigada por dividir conosco suas memórias. Um abraço.

  4. Mario Katsuhiko Kimura @ 22 Mai, 2009 : 10:09
    Claudio Riyudi Tanno-sam. Confesso que viajei contigo nas três narrativas, conheci as terras de seus ancestrais, uma delas terras do meu pai (Hiroshima), e mesmo nunca ter ido ao Japão tive a oportunidade de ver com seus olhos o trajeto, as paisagens, as pessoas, as cidades, as diferenças culturas da capital e do interior... Parabéns pela forma de sua narrativa, com certeza a sua filha também irá adorar em ler e viajar pelas terras de nossos antepassados. A propósito, conheço um Tanno, o George que trabalhou no Banco do Brasil como eu, hoje um grande empresário empreendedor, dirigente de rede de lanchonete (Girafas) e sua esposa da rede de lojas de roupas finas (Gregori), não seria seu parente? Grande abraço, saúde e sucesso.

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